sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O CASAMENTO E A GELADEIRA ESPACIAL

Certa vez fui convidado para o casamento de uma amiga.
Que bacana, ela se lembrou de mim. Bonito isso.
Lembrou também que não tinha geladeira com freezer em inox de uma marca que eu jurava ser fabricante apenas de motores de espaçonave.

Comecei a ligar uma coisa à outra e descobri que na cotação de nossa amizade eu valia exatos R$12.500,00 – mas, nesse caso, minha consideração com juros e correção monetária poderia ser parcelada em 36 vezes de R$453,28.

Tentei descobrir porque alguém que vai morar na casa da sogra, tem um Chevette 1982 meio caidinho e pra economizar alugou o vestido de noiva, precisava de uma geladeira de inox fabricada em algum lugar que desconheço, mas sei que o melhor cliente é a NASA.

Sei lá. Deve ser porque tenho cara de otário.

Arrá... o convite anunciava uma festa.
Opa. Festa de casamento quase sempre é legal.
Digo quase sempre porque uma vez fui em uma festa onde os sogros se fecharam na porrada. Um torcia pro XV de Piracicaba e outro pro Santo André.
Onde já se viu isso. Sogro num é gente, o XV e o Santo André não são times e o pior, todo mundo sabia que o primo da noiva era o centro-avante na zaga do noivo.

Os dias foram chegando.
Pra fazer aquela presença e me preparar para os melhores pratos do banquete, avisei a noiva que o fabricante entregaria a geladeira justamente na semana do casamento.
Pusta mentira! Tenho graves problemas pra abastecer a minha geladeira comprada de segunda mão em 1992, então, porque catzo compraria uma novinha pra ela?
Mas festa é festa. Precisava ganhar tempo, então fui enrolando a moça.

Chegou o dia do casamento.
Todo mundo lá
Fui o último a chegar.
Achei estranho o cara do lado de fora da igreja com os olhos cheios de lágrimas.
Pensei, uau a mina arrasou o coração desse ai.

Entrei e sentei no ultimo banco.
Passei a observar as pessoas, o cheiro de naftalina misturado com as flores, as tias da noiva rebocadas de maquiagem e até a tia Eudósia estava firme e forte sentada em sua cadeira de rodas com os pacotes pro xixi e pro coco pendurados ao lado e a agulhinha espetada no braço para receber o soro que o sobrinho segurava de pé.
Hoje, pensando bem, não me lembro de ter visto os óculos e o aparelho de surdez.

A Tia Eudósia merece um parágrafo só para ela.
Eu tenho certeza que Tia Eudósia foi direto da UTI para o casamento e na volta já se hospedou no cemitério.
Coitada! Porque levaram a tia Eudosia naquele casamento? Só pode ser por economia. O padre casa a sobrinha e já dá a extrema-unção na tia.

Chega a noiva.
Não entendo muito de moda, mas aquele vestido estava mais pra liquidação Fora de Estoque das Lojas Marisa que aluguel.
Ela entra, pisca pra mim, me entusiasmo com a piscadela mas ja broxo quando a vejo piscando pra todo mundo.
Descobri meses depois que era alergia ao rímel.

Começa o casamento.
O padre se esgoelando no altar sem que ninguém o entendesse.
Porque acústica de igreja sempre é horrível?
E o padre lá e povo cá. As crianças começando a bagunçar, as mães tentando manter o controle, aquele bando de homens de terno e gravata suando como se estivessem no Saara.
E o padre lá, mandando ver no sermão e o povo cá, morto de vontade de chegar na festa e pegar o primeiro copo de cerveja gelado.

Duas horas depois os noivos caminham em direção a saída.
Aleluia... deve ter acabado.
Olho para o chorão do lado de fora. Continuava com lágrimas nos olhos e em prantos me encarou e saiu correndo desembestado nem imagino pra onde.
Nunca vi um homem chorar daquele jeito. Nem quando o Corinthians caiu pra segundona vi alguém chorar daquele jeito.

Cumprimentos aos noivos e???????????????? FESTAAAAAAAAAAAAAA...

Chego ao endereço e minha decepção expõe seu lado alegre.
Quem faz festa naquele endereço não merece de jeito nenhum ganhar geladeira com motor de espaçonave!
Entro no local. Aquilo não valia nem uma geladeira de segunda mão.
Sento em uma mesa e fico observando as coisas.
Olho o garçom passando com uma bandeja lotada de barquinhas de maionese.

Barquinha de maionese.
Eu juro que aquelas barquinhas tinham naufragado.
Chamar aquilo de barquinha é uma afronta ate mesmo a jangada do Tom Hanks e Senhor Wilson.
Achei melhor não comer aquilo e fiquei feliz. Descobri uma semana depois que o Pronto Socorro do bairro tinha bombado por conta do Naufrágio de Maionese.

Resolvi ficar de pé. Era a única maneira de cercar um garçom.
Com muito custo peguei um copo de cerveja.... quente! Mas se beber não dirija.
Passou uma segunda bandeja e o garçom apresentou como aperitivo. Nunca tinha visto alguém oferecer aperitivo de pinga com groselha em casamento. Peguei um copo e joguei no vaso.
A coitada da plantinha deve estar de ressaca até hoje.

Aliviado por não ter comprado nem uma caixa de isopor pros noivos, quem dirá uma geladeira espacial, resolvi ir embora daquele lugar, afinal ainda dava tempo de pegar um rango na casa de algum parente.

Ao chegar na porta quem vejo em lágrimas? O chorão da igreja.
Olhei pra ele, ele olhou pra mim, olhei pra ele, ele olhou pra mim e eu olhei pra ele e de novo ele saiu correndo aos prantos. Fiquei preocupado. Será que a treta dele era comigo?
Pô! Que chorão misterioso é esse?

Bom. Fui embora.
Depois me perder 27 vezes até achar a Marginal Pinheiros e morto de fome, cai no sentido da casa de algum parente, nem que fosse o Ronald Mac Donald’s.

Duas semanas depois encontro a noiva-esposa-amiga e conversa vai, conversa vem, descobri que a lua de mel foi em Santos. Sabe como é né, mais barato, é logo ali.
E prosa vai e vem, pergunto se a geladeira estava funcionando bem. Tinha que fazer aquela média.
Ela responde que não havia recebido ainda. Fiquei indignado. Abri os braços, fiz uma boa cena e disse que aquilo era um absurdo, prometeram entregar naquela semana e até agora nada? Eu ia processar, eu ia morder o pescoço de alguém eu ia até as últimas conseqüências para que ela recebesse a geladeira!
Foi quando ela me disse.
Não se preocupa. Já me separei.

Pronto!
Aquela prosa chegou a patamares nunca antes imaginados.
Já separou? Porque amiga? O que foi?
Então ouvi a explicação de tudo.
Ele é gay!

Perai! Para tudo! Como assim?
Ele me deixou na lua de mel. Apareceu um homem com os olhos inchados de tanto chorar dizendo que não viveria sem ele, que se mataria se fosse pra viver sem o amor do meu marido. E os dois foram embora.
Desde então nunca mais tive notícias.

Ela está se recuperando bem.
Trocou o Chevette 82 por um Hyunday 94 e continua morando na casa da mãe.
Dizem que tem uma Consul de 120 litros lá que é uma maravilha.

Pra mim?
Bom, pra mim sobrou a alegria de nunca ter comprado a geladeira foguete com freezer espacial.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CASAMENTO DE POBRE - PARTE I

Voltei!
Tava pensando numa cena que vi no sábado.
Uma visão das prefunda dos inferno.

CASAMENTO DE POBRE

Cá entre nós, não tenho posses e nem pose mas sei lá, a cena marcou minha alma.

Visualiza:
1 - Sábado, 11 horas da manhã;
2 - Sol fudêncio, de rachar mamona e fritar cérebro;
3 - Avenida movimentada. É ônibus, caminhão de lixo, carroça com puxador e cachorro, caminhão da Brahma parado no meio da avenida.....
4 – Um cartório.
Pronto!! Começa assim o visual do quinto dos inferno.

Então, lá de longe vem aquela procissão do capeta composta de uma Belina, dois Kadett (um deles conversível), um Chevette e o Monza duas portas com uma noiva dentro.

Não bastasse a porra do Monza ter apenas duas portas, a noiva já vem vestida para igreja no dia seguinte. Imagina o conforto.

Juro que nunca entendi porque o pobre tem que ir todo arrumado pro cartório quando vai casar. Quer dizer, entendo que legalmente é necessário mas, puta que pariu, precisa, ir vestido como se fosse pra receber a Rainha Elizabeth??

Continua..... Olho pra Belina e vejo sair um casal com uma meia dúzia de criança. O cara com o terno que usou quando casou há uns 20 anos atrás. Ela vestida num vestido de veludo vinho que mais parece um bombom Sonho de Valsa.
Ele caminha até o porta-mala da Belina e quando abre a tampa saem mais dois meninos correndo.

Do Kadett conversível sai um cara de terno branco. Deve ser o noivo. A gravata vermelha foi o charme. Muito bem escolhida afinal, se é pra sifuder, que sifôdasse em grande estilo.
Mas, será que custava ele dar uma carona pra criançada da Belina?

Do outro Kadett sai uma senhora de uns 109 anos de idade. Indago: - Vai gostar de casamento na casa do caraio.
E pra tirar a velhinha do banco de trás? Era mais fácil ter socado a velha no porta mala da Belina! Tadinha. Parecia um gremilim. Acho que se tivessem fechado a janela o cabelo dela ainda estaria arrumadinho.
Da outra porta saiu Moises. Quase corri pra pedir autógrafo mas, sei lá, podia ser um cover. Fiquei imaginando. Se ele levantar a bengala nessa avenida aposto que o trânsito se abre.
A pergunta é: Tudo bem! Casar é bacana, mas não podiam levar os velhinhos só na igreja?
Ahhh o motorista do Kadett tava usando uma camisa hilária. Num sei se o cara tem trombose no pescoço ou se aquele colarinho é assim mesmo.

Do Chevette tiraram mais umas 3 crianças e um velhinho que parecia o Mestre Yoda. Quase fui abraçar e desejar que “a Força estivesse com ele”.
O chato é que pelo estado do Chevette, aquele velhinho num ia morrer de idade e sim de tétano.
Ainda pensei: Será que vão jogar ferrugem ao invés de arroz no casal?

O engraçado é que o noivo entrou no cartório e o povo foi seguindo.
A noiva não! Ela ficou dentro do Monza esperando alguma coisa. O tempo foi passando e ela dentro do carro. Um calor da porra e ela lá!!

Do nada surgiu uma CG125 com um casal. A moça da garupa desceu e começou a tirar fotos da noiva assada no forno do Monza.
Foi foto pra cacete. Cremdôspai!! Centenas de fotos.

A moça já fora do Monza ficou na porta esperando acho que o noivo (aquele do Kadett conversível, lembra?) e nada do sujeito aparecer. Então surgiu um carinha que pelo visto trabalha no cartório e pediu pra ela entrar porque já já iam fechar.

Naquela altura do campeonato eu já tava sentado no boteco em frente tomando uma garapa. Não ia perder aquilo de jeito e maneira alguma.

Já estava ficando preocupado com a demora quando finalmente saem os pombinhos.
Uma festa, os convidados jogando arroz, a senhora do vestido vinho alucinada gritando que "hoje é dia de fazer minino", o carinha do cartório pedindo pra não jogar a porra do arroz porque a tia da limpeza só viria na terça feira, as crianças correndo que nem uns capetas pela calçada, o cara do colarinho abraçado com o noivo e láááá atrás vinham o Mestre Yoda e os outros dois velhinhos que, pelo aspecto, estavam quase no ponto para assinar a própria certidão de óbito.

E as fotos????
O casal da CG125 era onipresente. Foto pra caralho!
Era foto com ônibus lotado ao fundo, foto com o cachorro no fundo dando uma bela cagada na rua, foto com duas das crianças quase sendo atropeladas pelo ônibus, foto com o carinha do cartório puto da vida fechando a porta, tem até foto comigo no fundo metendo o dedo no nariz.

E pra colocar esse povo todo nos veículos automotores?
A noiva dessa vez se jogou no Kadett conversível.
A meninada entrou como deu na Belina e duas crianças que sobraram tiveram que voltar no porta malas.
O Monza rebocou os velhinhos. Se tivesse uma carretinha seria melhor pra eles, era engatar e show.
O outro Kadett voltou leve, só o cara do colarinho lá dentro. Se bem que com aquele pescoço sei não, num voltou tão leve assim.
O Chevette tadinho, furou o pneu. Eu pensei que seria melhor o cara largar aquilo lá mesmo, pegar uma carona ou um ônibus pra ir embora. A questão dele é: Tudo bem ter que vir ao casamento, mas precisava trazer o Chevette?
Os fotógrafos subiram na CG125 e saíram tirando fotos. Acho que seriam fotógrafos ideais pra Faixa de Gaza.

E assim terminou tudo. Esperei a noiva jogar o buquet mas ela não o fez.
Então, paguei o boteco e fui embora pensando: Felicidade custa pouco, mas dá uma vergonha danada as vezes.

Minha Sala da Justiça


Cada um torce pro time que lhe agrada.
Cada um reza pro Deus que tem fé.
Cada um tem a preferência sexual que melhor lhe encaixa (ficou legal isso).
Uns gostam de Elis Regina. Eu não!
Uns gostam de picles. Eu gosto! Dá uma azia danada, mas gosto!
Uns gostam de Pepsi. Eu não entendo como algo ruim desse jeito pode ser comercializado.
Uns tem heróis como Che Guevara, Fidel Castro, Stalim. Eu não!

Daí, como meu saco já encheu de tanto ver esse povo ser glorificado, resolvi homenagear quem manteve esse país no eixo. Livre dessa gente que hoje se revela autoritária, arrogante, cafajeste, canalha, uns fiudumzunha.
Comecei pesquisando na Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_%281964-1985%2), afinal é bem mais fácil copiar e colar do que ficar fazendo resumão.

Vejamos:

CTRLV + CTRLC = "A ditadura militar no Brasil foi um governo iniciado em abril de 1964, após um golpe articulado pelas Forças Armadas com grande apoio da sociedade civil, em 31 de março do mesmo ano, contra o governo do presidente João Goulart.

Herói número 01 => General Olimpio Mourão Filho que marchou com suas tropas para depor João Goulart que por sua vez escafedeu-se para Porto Alegre e se escondeu em sua propriedade.
Pô!! SUA = DELE!!!


Heróis 02 e 03 => General Humberto de Alencar Castelo Branco e Arthur da Costa e Silva meteram uns Atos Institucionais e emendaram a Constituição (isso se faz hoje também, quer dizer, quando o Congresso trabalha, o que é raro). Então uma Junta Militar passou a governar a bagaça toda.

Herói 04 => Ernesto Geisel. Cabra bem intencionado. Dedicou-se a abertura política.
Pena que com abertura política, em 1977, em Sarandi aconteceu uma invasão de terras na Fazenda Annoni que deu início a desgraça pelada do MST.

Herói 05 => Emilio Garrastazu Médici. Cabra bom!! Meteu a porrada num monte de gente.
Muitos falam isso e aquilo mas, essa vontade eu tenho nos dias de hoje.
Olha que maravilha seria descer a pancada em mensaleiro, MSTseiro. Entrar no Congresso com um caminhão pipa cheio de creolina, bater na cabeça do Suplicy pra ver se ele fica mais esperto, depilar a Dilma com cortador de grama, deixar professora bater na Marta... eitcha que dizem que isso num pode né!

Herói 06 => João Batista Figueiredo. Mais grosso que chapa de navio.
Teve umas bombinhas aqui e acolá mas, fora isso, mexer com fogo pode queimar.

Cansei!! Chega por hoje.